Moto Jornal – 1976 – Por Marco Naback.
O mineiro Dr. Rubem Cohen Goldstein – um médico de 32 anos, que nunca antes havia participado de uma prova de trail – foi a surpresa da primeira etapa válida pelo Campeonato Estadual de Todo-Terreno, superando com uma média de apenas 62 pontos perdidos, os demais 19 pilotos que participaram da competição, disputa dia 4, nos arredores dos municípios de Belo Horizonte e Contagem.
Conduzindo uma Honda XL-250, que demonstrou ser um dos modelos mais eficientes para a disputa, sendo utilizada pelos nove primeiros colocados, Golstein foi também o primeiro piloto brasileiro a vencer uma prova de trail, já que promoção do Trail Clube de Minas Gerais, em conjunto com a Federação Mineira de Motociclismo, era inédita no País. Com o objetivo de lançar o esporte no Estado. O Trail Clube vinha realizando várias competições desde o ano passado, mas com caráter experimental.
Apesar dos vários tombos, o que é comum em trail, além do precário nível técnico no que se refere a precisão do tempo, o resultado da prova – um teste de regularidade, resistência, habilidade e eficiência – foi muito bom, com um desempenho regular de quase todos os pilotos que cumpriram is oito diferentes trechos do percurso de 126 quilômetros, numa média horária de 6h30m.
Contaram pontos para o Campeonato os seis primeiros colocados, dentre os quais Domingues Henrique de Gusmão, classificado em quarto lugar, também nunca ates havia participado da competição. Pedro Bittencourt, que era um dos favoritos, por ter vencido a primeira prova experimental, em outubro do ano passado, decepcionou desta vez, colocando-se em 12º lugar, com uma Harley Davidson SX-250. Com exceção de uma Montesa Cota 247, própria para “OBSERVED TRIAL”, todas as demais motocicletas eram tipo trail.
A PROVA
Com a ordem de largada correspondente ao número de inscrição, os 20 concorrentes iniciaram a prova a partir de 9h, saindo em intervalos de 1 em 1 minuto na Praça da Liberdade. Como num rally normal, cada um recebia neste momento, a planilha, com o roteiro e as médias horárias que deveria cumprir, sem o auxílio de um navegador, o que diferencia e torna mais difícil das demais este tipo de competição.
O primeiro trecho da prova foi mais tranquilo, através de 20 quilômetros asfaltados, desde Belo Horizonte até Contagem, passando pela Cidade Industrial. A partir desta cidade, os concorrentes passaram a enfrentar as dificuldades da prova trafegando por trilhas e estradas de terra.
No terceiro ponto de referência, os pilotos atingiram o Retiro, um lugarejo afastado, onde muitos não conseguiram interpretar o roteiro, perdendo-se nas matas. Passando por uma trilha conhecida como ORPHALÁ, antigo local de treino dos trialistas mineiros, o roteiro seguiu para Palmital, no município de Ribeirão das Neves, onde estava localizado o ponto neutralizado.
Em Palmital cada concorrente pode descansar durante meia hora, reunindo-se com amigos e familiares, antes de iniciar a parte mais difícil da prova. Num percurso em forma de um grande “loop”, os pilotos tiveram que vencer o “Grande Barro”, um atoleiro de 200 metros, além de atravessar um rio e um pequeno riacho.
Retornando a Palmital, foi permitido um novo descanso de 15 minutos, para a volta a Belo Horizonte, que a partir deste momento, não contou mais com a presença de Luiz Carlos Perdigão, que atolou a sua DT-250 até o assento a Aristides José Mascarenhas, que quebrou a caixa do motor de sua motocicleta, de modelo igual ao do outro desistente.
Cada meio minuto de atraso fazia o piloto perder um ponto e ao mesmo tempo em adiantamento lhe valia uma redução de dois pontos. Entretanto, se o conceito de habilidade era bom. O concorrente não perdia pontos e, se péssimo, cinco pontos.
A prova disputada em Minas Gerais foi uma mistura de ENDURO (prova de resistência, com duração de dois a seis dias), OBSERVED TRIAL (prova de habilidade e precisão em terrenos muito acidentados) e TRAIL (que não chega a ser uma prova regulamentada, significando “seguir a trilha, o rastro”, ou seja, interpretar o roteiro).
Por Marco Naback.
CLASSIFICAÇÃO GERAL
1.º Ruben Goldstein … Honda XL-250 62
2º Eduardo Mar ques … Honda XL-250 63
3º José F. Gonçalves … Honda XL-250 65
4º Domingues H. Gusmão … Honda XL-250 67
5º Laércio A. Fortes … Honda XL-250 68
6º Germano Ribeiro … Honda XL-250 69
7º Ayres Nascarenhas … Honda XL-250 71
8º Pontiguar de Castro … Honda XL-250 72
9º Leonardo de Castro … Honda XL-250 73
10º Lair Renno – Montesa Cota 247 … 74
11º Sérgio Bhering – BSA 250 … 75
12º Pedro Bitencourtt – Harley Davidson SX-250 … 83
13º Fernando Brito – Honda XL-250 … 85
14º José Alberto Junqueira – Suzuki TS-185 86
15º Renato Chagas Marinho … Yamaha RT 360 … 87
16º Roberto Alkimim – Honda XL-250 … 88
17º Fernando Xavier – Honda XL-250 … 93
18º Aristide Mascarenhas – Yamaha DT-250 … 98
19º Marco Antônio Guimarães – Yamaha DT-250 … 104
20º Luiz Carlos Perdigão – Yamaha DT-250 … 134
4/4/76 – 9h – Praça da Liberdade – Belo Horizonte/MG
O mineiro Rubem Cohen Goldstein – um médico de 32 anos, que nunca antes havia participado de uma prova de trail foi o vencedor da primeira competição oficial de enduro de regularidade no Brasil.
Em 04/04/1976, o ENDURO DE ORPHALÁ entrou para a história como a primeira prova oficial de TODO TERRENO na modalidade de motos em Minas Gerais.
Largaram a partir de 9h, saindo em intervalos de 1 em 1 minuto na Praça da Liberdade – Belo Horizonte/MG. A prova aconteceu nos arredores dos municípios de Belo Horizonte e Contagem.
1º TRECHO
O primeiro trecho foi mais tranquilo, 20 quilômetros asfaltados, desde Belo Horizonte até Contagem, passando pela Cidade Industrial.
2º TRECHO
A partir desta cidade, os concorrentes passaram a enfrentar as dificuldades da prova trafegando por trilhas e estradas de terra.
3º TRECHO – NETRALIZADO 30min
No terceiro ponto de referência, os pilotos atingiram o Retiro, um lugarejo afastado, com trilhas em matas que dificultaram muito a navegação de vários pilotos. Passando por uma trilha conhecida como ORPHALÁ, antigo local de treino dos trialistas mineiros, o roteiro segui para Palmital, já no município de Ribeirão das Neves, onde estava localizado o ponto neutralizado com 30 minutos para descanso.
4º TRECHO
Num percurso em forma de um grande “loop”, os pilotos tiveram que vencer o “GRANDE BARRO”, um atoleiro de 200 metros, além de atravessar um rio e um pequeno riacho.
5º TRECHO – NETRALIZADO 15min
Retornando a Palmital, foi permitido um novo descanso de 15 minutos, para a volta a Belo Horizonte, que a partir deste momento, não contou mais com a presença de Luiz Carlos Perdigão, que atolou a sua DT-250 até o assento a Aristides José Mascarenhas, que quebrou a caixa do motor de sua motocicleta, de modelo igual ao do outro desistente.
A prova disputada em Minas Gerais foi uma mistura de ENDURO (prova de resistência, com duração de dois a seis dias), OBSERVED TRIAL (prova de habilidade e precisão em terrenos muito acidentados) e TRAIL (que não chega a ser uma prova regulamentada, significando “seguir a trilha, o rastro”, ou seja, interpretar o roteiro).
Nascia então o ENDURO DE REGULARIDADE oficialmente – modalidade que trouxe notoriedade a Minas Gerais como berço desta modalidade.
O troféu do 1º CAMPEONATO MINEIRO DE TODO TERRENO está exposto no Marco Zero do Ecomuseu do Off-Raod (Alameda Seu João – Parque do Engenho, Nova Lima – MG, 34009-100 – Bar do Marcinho).
Agradecemos aos Pioneiros Pilotos que nos ajudaram nesta pesquisa: JOUBERT Guerra, AYRES Mascarenhas, Alessandro SARTORELLI e PAULO HENRIQUE.
Fonte: 1976 Moto Jornal – Por Marco Naback.
1976 – Bairro Belvedere
EM – Sábado, 04 de dezembro de 1976
SÉRGIO MULLER VENCE NOVO ESPORTE DE MOTOS
O carioca Sérgio Muller veio a Minas para levar a taça de 1º colocado na prova de “Trial-Observado”, organizada pelo Trail Clube de Minas Gerais, um novo tipo de esporte de motocicletas “fora-de-estrada”, vencendo 12 concorrentes, no Praia Clube, em contagem.
Na modalidade fora-de-estrada, apenas o motocross tem já uma certa tradição entre nós. Entretanto, várias outras competições de motociclismo for a-de-estrada, praticadas na Europa e Estados Unidos, são quase que totalmente desconhecidas dos brasileiros, como a travessia do deserto, as provas de regularidade em todo tipo de terreno, e os “seis dias de trail”, e os “Trais-Observados”, entre outras.
No ultimo final de semana, como parte da programação do 1º Picnando, promovido pela coluna “Motocando”. Do “Diário da Tarde”, e pelo Savassi Moto Clube, o Trail Clube de Minas Gerias fez sua primeira prova de “Trial-Observado” – não confundir com “Trail”com “Trial, Trail é trilha, e Trial é julgamento, desafio.
A prova feita no Praia Clube, em Contagem e contou com a participação de 13 motociclistas, assim distribuídas: 6 Montesas, que são motos especializadas para Trial-Observado; 5 Hondas 250, 1 Harley-Davidson SX250; e 1 Yamaha DT125. Com exceção das Montesas, todas as outras são do tipo “Trail” ou “cidade-e-campo”. Duas das Montesas eram concorrentes que vieram especialmente do Rio.
Concentração e equilíbrio
O “Trail-Observado” é uma prova de habilidade e precisão. Exige muita concentração, equilíbrio e precisão. Cada concorrente fazia todo percurso individualmente e era observado por dois juizes. O percurso era composto de vários obstáculos como subidas íngremes, barro, meia-encosta, descidas e curvas fechadas, barrancos para serem vencidos e até uma pilha de troncos que deveria ser escalada.
O concorrente não podia parar, nem tocar os pés no chão. A cada erro ou falta, recebia um certo número de pontos perdidos. Assim, cada toque no chão fazia perder ponto; se a moto parava, 5 pontos; se o motor morria, mais 1 ponto; obstáculo não vencido, 10 pontos; queda, 7 pontos; e assim por diante.
Todos os concorrentes completaram todo o circuito, com alguns poucos que não conseguiram vencer alguns obstáculo. O nível técnico da prova foi bom, considerando ser uma primeira experiência, mas a competição serviu principalmente para estimular o treinamento sistemático dos praticantes deste esporte, pois ele exige realmente muita prática de concentração, tanto é que alguns favoritos perderam muitos pontos ou não venceram alguns obstáculos exclusivamente por falta de concentração e tranquilidade necessária” Estes mesmos concorrentes, nos treinos, haviam tido desempenhos melhores, como foi o caso de José Davi, que perdeu pontos na travessia dos troncos, obstáculos que que vencera facilmente várias vezes nos treinos, e Ayres Mascarenhas, que perdeu 16 pontos em duas quedas na meia-encosta, sua maior especialidade.
A medida exata
Também Paulo Henrique, conhecido por sua habilidade e tranquilidade, perdeu vários pontos em quedas e desequilíbrios em barrancos e na meia encosta. Ricardo Fernandes, conhecido como “Katá Vaca Brava”, pela sua garra, perdeu vários pontos por obstáculos inexplicavelmente rejeitados.
Havia, por exemplo, uma subida muito íngreme, na grama, logo após uma curva, que para ser vencida, precisava ser tomada a uma exata velocidade, com um preciso controle de aceleração e de posicionamento do corpo. Pouca aceleração significava parada no meio; muita aceleração provocava excesso de deslizamento da roda, perda de tração, de velocidade e oscilações laterais; o peso do piloto ser joga suficientemente para frente, para que a moto não empinasse, mas ao mesmo tempo, suficientemente para trás para conseguir a máxima tração.
Esta extrema concentração que os pilotos precisavam ter para vencer todo o percurso deixou os concorrentes “pregados”, mas bastante eufóricos com os resultados.
A diretoria do Trail Clube de Minas Gerais, decidiu promover, ainda esse ano, ou início de 1977, mais uma prova deste tipo, com a participação de concorrentes de outros Estados, e para isso já esta se entendendo com os principais fabricantes de motos do Brasil.
A excelente cobertura fotográfica ficou a cargo de Lúcio Frederico.
São estes os 10 primeiros colocados:
1º) Sérgio Muller – Rio – 1 PP
2º) Sérgio Marinho – BH – 5PP
3º) Lair Rennó – BH – 6PP
4º) José Davi – BH – 11PP
5º) Ayres Mascarenhas – BH – 12PP
6º) Fernando Xavier – BH – 16PP
7º) Luiz Perdigão – BH – 19PP
8º) Ivan Leste – BH – 26PP
9º) Germano Ribeiro – BH – 29PP
10º) Raul Dulop – Rio – 32PP
P/TCMG – DIRETORIA DE PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO. (a) Ayres Mascarenhas, Diretor Técnico.
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