Iron Biker: a largada de uma revolução sobre duas rodas nas trilhas de Minas
Por volta de 1993, quando o mountain bike ainda engatinhava no Brasil, uma ideia ousada começou a ganhar forma nas montanhas históricas de Minas Gerais. Nascia o Iron Biker, a prova que não apenas desafiaria ciclistas com seus percursos técnicos e altimetria brutal, mas também ajudaria a consolidar o MTB como modalidade esportiva de massa no país.
Idealizado pelos mineiros Henrique Macedo e Carlos Pugialli, o Iron Biker surgiu da vontade de criar no Brasil uma competição que se aproximasse dos grandes desafios do mountain bike mundial, como o TransRockies e o Cape Epic. Mas mais do que uma corrida, o evento queria ser um símbolo de resistência, aventura e conexão com a natureza — valores que ainda hoje estão no DNA da modalidade.
A primeira edição aconteceu em 1993, e a escolha de Minas não foi por acaso. Com seu relevo acidentado, trilhas centenárias e cidades coloniais cercadas por montanhas, o estado reunia o cenário ideal para uma prova de longa distância. Cidades como Ouro Preto e Mariana, patrimônio da humanidade, foram palco das primeiras edições, unindo esporte e cultura de maneira inédita.
Desde o início, o Iron Biker apostou na fórmula de dois dias de prova, com distâncias que chegavam a 100 km por dia, passando por subidas íngremes, riachos, trilhas de garimpo e trechos da antiga Estrada Real. O desafio atraiu ciclistas de várias partes do país e, em pouco tempo, começou a receber atletas estrangeiros. A organização sempre prezou pela qualidade técnica, com sinalização rigorosa, pontos de hidratação e logística que se destacavam num cenário esportivo ainda carente de infraestrutura.
Mais do que uma competição, o Iron Biker tinha como objetivo promover o ecoturismo, valorizar o patrimônio natural e cultural de Minas Gerais e fomentar a prática esportiva de forma democrática. Ao longo dos anos, milhares de atletas — do iniciante ao profissional — encararam as trilhas do Iron Biker, transformando a prova em um verdadeiro rito de passagem para qualquer mountain biker brasileiro.
A prova cresceu, passou por diversas cidades e continua sendo realizada até hoje, adaptando-se às novas tecnologias, às mudanças climáticas e às exigências de um público cada vez mais conectado. Mas sua essência permanece: superar limites, celebrar a natureza e honrar a cultura mineira.
Em tempos em que o esporte e a sustentabilidade caminham lado a lado, o Iron Biker segue pedalando firme, como uma das maiores e mais respeitadas provas de mountain bike do continente.
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